Overwatch 2 é uma montanha-russa
- Luunyn

- May 20
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Overwatch 2 é uma renovação parcial do jogo original de 2016, as mudanças relativamente sutis foram o suficiente para a Blizzard Entertainment considerá-lo como um novo jogo. A nova obra é lançada em 2023 pela desenvolvedora americana, sendo o seu primeiro e único Hero Shooter, gênero relativamente recente que consiste na disputa entre equipes em um ambiente controlado com objetivos diversos, onde cada jogador controla um heroi, seja no modelo FPS ou TPS. Overwatch é responsável por popularizar o gênero e por isso o prêmio de GOTY para o jogo em 2016 parece justo.
A obra é responsável por popularizar o gênero de Hero Shooter que teve início com Team Fortress 2. A Blizzard utiliza a seu favor a expertise de anos de desenvolvimento e elaboração de diversas histórias e personagens para criar uma narrativa marcante para Overwatch. Assim, personagens marcantes com histórias interessantes ganham vida, o objetivo do jogo, que é a jogabilidade casual e competitiva, recebe novos moldes com as diversas cinemáticas e outras mídias que pretendem contar a história dos agentes da Overwatch, Blackwatch e Talon.
Overwatch 2 apresenta uma boa narrativa, conseguindo ultrapassar o que é apresentando internamente, extrapolando os limites comuns e levando parte da narrativa a ser apresentada pelos trailers, histórias em quadrinhos e outras mídias. Recentemente a Riot Games adotou a mesma proposta para League of Legends e o modelo parece funcionar com excelência. Além de explorar o escopo técnico da obra, Overwatch possui personagens carismáticos e de certa forma únicos, é fácil encontrar um main de cada heroi do jogo na comunidade, algum jogador provavelmente irá se apaixonar por algum personagem em específico, mesmo que não goste tanto da proposta do jogo.
No que diz respeito aos personagens e a jogabilidade, a primeira pessoa funciona de forma interessante para favorecer a habilidade dos jogadores com mira, posicionamento, visão de jogo, etc. Porém, ela atrapalha um dos pontos mais importantes: as Skins, os jogadores não conseguem ver as skins que seu personagem está vestindo. Esta decisão de games design é um tanto inusitada. Os personagens são fantásticos, o passado, personalidade e convicções deles possuem uma definição boa o suficiente para que os jogadores entendam quem eles são e por que eles são assim, o que acaba gerando um maior sentimento de proximidade para com estes. Além dos aspectos de construção dos personagens, eles também possuem conjuntos de habilidades diversas e únicas à sua maneira, sendo assim capaz de agradar todo tipo de jogador. Como resultado desta modelagem, Overwatch 2 é um “shooter” onde há personagens que não dão tiros, há personagens tanques que somente possuem golpes corpo-a-corpo. Jogos deste gêneros conseguem, e Overwatch consegue com excelência, agradar um público muito mais diversos que outros jogos que precisam segmentar sua audiência. O trabalho neste sentido é excelente.

Em relação a proposta da obra, ela funciona perfeitamente para diferentes grupos de jogadores. As partidas com objetivos diversos são visitadas de forma aleatória, dando certa variabilidade natural para a jogabilidade, afinal, os mapas de conquistar pontos possuem diferenças grotescas em relação ao mapa de empurrar carga. Além disso, a possibilidade de trocar de personagem a bel prazer ao longo da partida permite um rotatividade de estratégias dentro da mesma partida, tornando um confronto de 10-15 minutos mais complexo que outros jogos que propõe confrontos mais longos sem a possibilidade de mudança de personagem. Outro fator que auxilia nesse aspecto é a inexistência de banimentos, nem mesmo em partidas competitivas, sempre todos os personagens estão disponíveis para as duas equipes, inclusive podem haver um espelhamento completo de todos os personagens.
Esta dinamicidade do combate agrada os jogadores casuais mas afeta negativamente o competitivo de Overwatch, que inclusive nunca realmente deu certo. O ápice do competitivo foi quando a composição histórica de GOATs estava a todo vapor - para aqueles que não sabem (ou lembram) essa composição era praticamente imortal, sendo composta de 3 tanques e 3 curadores, normalmente os times espelhavam completamente a composição, ou seja, todo partida do campeonato era a mesma composição para os dois times. O ganhador era quem executava ela melhor. O competitivo foi abandonado quando o primeiro Overwatch estava em baixa, tendo uma tentativa de ser ressuscitado no Overwatch 2, mas sem sucesso. O público nunca “comprou” este modelo, assim uma base de torcedores nunca foi formada.
A mudança de Overwatch 1 para o 2 foi um tanto conturbada. O jogo estava em uma grande baixa por ser um jogo com modelo de monetização premium(comprar para jogar) que contava com poucos jogadores. Overwatch 2 veio com a mudança para um modelo free to play, sendo monetizado através de cosméticos e passe de batalha. Além disso, alguns personagens sofreram um rework e a quantidade de jogadores por time foi reduzida de 6 para 5, tornando obrigatório haver 1 tanque, 2 healers e 2 DPS, o que antes era de livre escolha. Além disso, houve a promessa de um modo PVE para quem já possuía o título antes da mudança, a promessa nunca foi cumprida e hoje nem é lembrada pela grande maioria dos jogadores.
Pensando em toda sua estrutura, propostas e personagens, o jogo é bom. Mas ele paga pelos erros do passado até hoje, diversos jogadores não esqueceram os erros do passado, tanto do jogo quanto da blizzard. Outro fator importante que importunava os jogadores desde que o primeiro título ainda habitava entre os vivos, era a falta de novidades constantes, felizmente isso parece ter mudado após um novo concorrente ter chegado no mercado. Marvel Rivals fez a Blizzard mover-se para tentar melhorar seu jogo a fim de não perder sua base de jogadores para o novo e maior concorrente desde 2016. Novidades diversas são adicionadas a cada duas semanas para tentar dar dinamicidade ao jogo, mesmo que seja com modos de jogo extras que prometem apenas ser temporários.
Concluindo, Overwatch 2 é uma montanha-russa. Há diversos altos e baixos ao longo de sua história de 9 anos(ao considerar o primeiro e segundo jogo). Houve momentos onde a obra se tornou uma febre com personagens marcantes e jogabilidade inovadora e momentos onde foi condenado ao esquecimento com quase nenhum jogador dando importância para seu conteúdo. O segundo jogo deu um novo ar a obra, novos jogadores entraram para a base de jogadores e agora são fieis consumidores do novo modelo de serviço que alimenta o jogo. A maior qualidade da obra, talvez seja saber seu momento e o que ela representa. O jogo é um bom produto e é amado, só é preciso cuidar dele bem o suficiente para que sempre esteja novo(com novidades) e limpo(sem bugs e com a parte tóxica da comunidade controlada) para ser apreciado por seus fãs de longa e nova data.


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