Kunitsu-Gami: Path of Goddess, uma obra comedida e equilibrada
- Luunyn
- Aug 11
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Kunitsu-Gami: Path of Goddess é um dos mais novos jogos de uma das maiores desenvolvedores de jogos do Japão, a Capcom. Kunitsu foi apresentado com um jogo menor entre os grades títulos do estúdio, a nova IP procura explorar um aspecto estratégico aliado a estética cultural japonesa, que não era comum aos títulos do estúdio desde os antigos Onimusha. Desata vez a proposta é salvar a Deusa da montanha que foi corrompida por poderes das trevas, é preciso purificar todas as vilas da montanha e reestabelecer o poder original da Deusa.
A proposta da obra é ser um jogo de estratégia onde é necessário purificar as diferentes vilas e localidades que estão contaminadas com a corrupção. A Deusa é capaz de purificar a corrupção através de sua dança ancestral, o jogador enquanto controla Soh deve protegê-la neste caminho da purificação. Além de purificar vilas, também é necessário enfrentar certos chefes e se livrar de sua influência em determinadas regiões. Soh não consegue proteger a Deusa sozinho, então é preciso utilizar os aldeões resgatados para auxiliar na proteção. Desta forma é introduzido o elemento de gerenciamento dos diferentes aldeões e suas diferentes funções.
No que diz respeito aos aldeões e suas possíveis funções, o jogo trabalha com a ideia de máscaras espirituais que fornecem determinados poderes para quem as usa. Sendo a principal máscara a de Soh, que fornece os poderes de dança da espada, este sendo capaz de purificar algumas corrupções menores. As máscaras tem suas próprias evoluções que permitem uma variação de estratégia ideal, afinal as máscaras escolhidas para serem evoluídas ditarão que tipo de estratégia o jogador pretende seguir. A possibilidade de restá-las a qualquer momento é importante na medida que permite ao jogador alterar a estratégia para cada nova fase que será enfrentada, além disso, como não é possível possuir todas as máscaras evoluídas ao máximo, o reset permite fazer testes e corrigir falhas em estratégias ao longo do percurso. A impossibilidade de evolução de todas as máscaras deve-se a insuficiência de recursos, logo, toda escolha se torna uma renúncia.

O modelo de obtenção do recurso de evolução das máscaras, o Mitsuri, é o que dita a rejogabilidade da obra. Rejogar fases se faz necessário na medida que é a única forma de acumular Mitsuri, além de completar as fases disponíveis. A fim de conseguir o recurso, é preciso completar os desafios presente nas fases, estes sendo apresentados após elas serem completadas pela primeira vez. A segunda forma de conseguir recurso, que também leva a rejogabilidade em conta, é a reconstrução da vila, para que ela seja reconstruída é preciso que o tempo passe, o passar do tempo ocorre quando uma fase é concluída. A vila reconstruída além de recompensar o jogador com recursos também apresenta um papel narrativo, isto ocorre na medida que se faz necessário reconstruir fisicamente os ambientes recuperados, pois além de purificados, estes aldeões precisam reconstruir suas vidas, sendo a vila uma parte importante dela.
Um ponto importante em jogos de estratégia é a variação dos desafios, afinal, superar os mesmos obstáculos continuamente não faz sentido na escalonamento do desafio. Kunitsu realiza isso de forma esplendorosa, as fases iniciais onde é preciso traçar o caminho para a Deusa se alternam de forma sutil, sendo necessário em algumas acender lanternas, outras onde Soh está derrotado o tempo todo e somente os aldeões podem lutar, e assim por diante. A variedade chega ao ponto de haver fases onde somente Soh está disponível para o combate e outras onde há batalhas em barcos, algo completamente diferente do experimentado até então. A obra varia-se continuamente, tornando a dinâmica diferente o suficiente para que o jogo nunca se torne monótono em sua extensão. O trabalho de level design nesse sentido é espetacular, a Capcom acerta novamente neste quesito onde a empresa é uma das maiores especialistas do mercado.
Por fim, é preciso citar o nível de dificuldade. O jogo é relativamente fácil, com pouco esforço e ao acumular certa quantidade de recursos, o jogador é capaz de conquistar relativamente fácil qualquer uma das fases. A parte mais complexa está na parte não estratégica, está na mecânica de controle de Soh juntos com os diferentes combos. Dominá-los é um elemento essencial para conquistar as fases, principalmente para enfrentar os diferentes chefes. Talvez a parte que seja mais chata e por isso um pouco mais complexa, é a organização dos aldeões nas fases durante as noites de ataque, muitas vezes é preciso mudá-las diversas vezes durante a noite, sendo preciso dar comandos individuais para cada aldeão, tornando qualquer reorganização demorada e maçante.
Concluindo, Kunitsu-Gami: Path of Goddess é um jogo de estratégia excelente. A proposta de unir os elementos de estratégia com certa habilidade mecânica é inovador a sua maneira, além disso a maior qualidade da obra é comunicar e intercalar os diversos elementos que compõe o jogo. A necessidade de rejogar certas fazes comunica-se da narrativa até o level design, tornando todo o processo necessário e com sentido. A obra ainda se atenta a algo fundamental, a variabilidade a fim de retirar a monotonia, isto é atingido de forma fenomenal, sendo difícil enjoar das fases até a devida conclusão do jogo. O trabalho é bem feito em todos os aspectos, logo, em seu gênero, Kunitsu-Gami: Path of Goddess é uma obra excelente.
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