Mecha Break possui problemas demasiados em aspectos estruturais da obra
- Luunyn

- Aug 31
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Mecha Break é o mais novo jogo da Amazing Seasun Games, desenvolvedora de jogos chinesa e subsidiária da Kingsoft Corporation. A obra apresenta um jogo de batalha de mechas, onde cada um dos robôs possui uma identidade própria, seja visual ou de habilidades, construindo assim personagens jogáveis. A proposta do jogo com seus personagens é um hero shooter acompanhado de um battle royale.
A proposta do jogo é abrangente, possuindo dois gêneros distintos entre si, o hero shooter e o battle royale. Obviamente um deles precisava ser o elemento principal e o outro secundário em relação a proposta, o carro-chefe é o hero shooter, dada a existência dos diferentes mechas que funcionam como personagens jogáveis. O modo battle royale utiliza estes personagens, algo não tão comum, e ainda não possui a obtenção abrangente de itens dentro da partida, o que alteraria substancialmente os personagens existentes. Desta forma, o gênero shooter parece fazer parte de uma proposta inicial, tendo o battle royale como algo extra que fora adcionado posteriormente.
Ainda em relação aos gêneros, apesar de ambos serem bastantes distintos há uma similaridade essencial entre eles: a necessidade de um balanceamento preciso, já que são jogos multiplayer PvP. O balanceamento permite que o jogo consiga existir de forma sadia para seus jogadores, disponibilizando uma competitividade real e equilibrada para todos os jogadores, independente de qual personagem eles escolham. Infelizmente, Mecha Break possui problemas excessivos neste quesito, apresentando uma balanceamento muito aquém do necessário para um jogo multiplayer. O resultado desse fraco balanceamento é o afunilamento da escolha de personagens para um grupo restrito que limita a variabilidade de estratégias e torna monótono as partidas, pois o mesmo grupo de personagens sempre são escolhidos em quase todas as partidas.

No que diz respeito a competitividade e gameplay, há um ponto crucial que complica parte da dinâmica do jogo: o fato de os ataques serem travados nos inimigos, sem a necessidade de mirar no adversário. Esta mecânica definitivamente facilita a jogabilidade geral, tornando o jogo mais convidativo para um número maior de jogadores, porém ele afasta os jogadores competitivos, que são os mais comuns consumidores dos gêneros propostos em Mecha Break. A decisão torna o combate mais divertido e provavelmente é mais preciso em questão de narrativa quando se referem a robôs gigantes super tecnológicos, porém, a abordagem abre mão da dinamicidade que há no controle total da mira pelos jogadores. A abordagem acaba por diminuir a importância da habilidade mecânica do jogador e aumenta a impacto de um bom trabalho em equipe, o que é difícil de acontecer em um jogo online competitivo.
Apesar dos problemas, o combate geral ainda consegue ser bom, também por conta do excelente game design no desenvolvimento dos mechas com suas habilidades e aparência que os caracterizam. Outro ponto positivo que auxilia o combate são os mapas, estes possuem um excelente level design, contando com diversos níveis de altura, gerando profundidade nos cenários, algo ideal para um jogo de mechas que podem voar e alcançar grandes alturas com os saltos robóticos. O único ponto ruim de level design é o mapa do battle royale, este possui uma grande extensão dificultando qualquer interação entre os jogadores, além disso a extensão exagerada acabar por dar vantagem para os mechas com maior mobilidade aerea, como é o caso da Skyraider e Falcon.
Em relação ao sistema de ranques, há um grande problema, ele é extremamente confuso. Por vezes os jogos se confundem na estruturação do sistema de ranques de jogadores, geralmente há erros em relação aos pontos obtidos, ou eles são baixos demais ou grandes demais, criando assim disparidades gigantescas na base de jogadores. Mecha Break possui problema com o segundo caso. Qualquer vitória em uma partida ranqueada recompensa o jogador com muitos pontos e a derrota pune brandamente com a retirada de muito poucos, tornando quase automático a subida de ranques, mesmo com uma taxa de vitórias tímida. Logo, tanto jogadores bons quanto ruins são eventualmente agrupados em ranques mais altos, tornando algumas partidas desequilibradas no que se refere a qualidade dos jogadores, criando um problema artificial de matchmaking. O problema que a Amazing Seasun Games tem em mãos é grande, mas felizmente não difícil de resolver, é preciso apenas ajustar a pontuação para melhor dividir os jogadores entre os ranques existentes.
Concluindo, Mecha Break é um jogo que tinha potencial para ser um jogo excelente mais pecou demais em alguns aspectos estruturais. Os desenvolvedores não entenderam o público consumidor dos gêneros propostos. Tanto os jogadores de hero shooters quanto de battle royales se importam com personagens característicos e divertidos, que foi entregue com maestria pela desenvolvedora, porém eles também esperam competitividade. A competitividade foi demasiadamente limitada com escolhas de mecânicas que retiram o peso da habilidade jogador, aliado a isso houve o problema de balanceamento no lançamento que tornou o jogo chato, repetitivo e limitado, já que um pequeno grupo de mechas sempre eram escolhidos, pois estavam muito fortes se comparado aos outros. Há vários pontos positivos nas habilidades, personagens e mapas, porém os erros estruturais foram demasiados. O pior é que para algum destes problemas não parece haver nenhuma solução.



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