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Wheel World é equilibrado, sendo desafiador e cozy na medida certa

  • Writer: Luunyn
    Luunyn
  • Aug 28
  • 4 min read

Wheel World é o quarto jogo da Messhof, desenvolvedora de jogos norte americana sitiada na Califórnia. A obra apresenta uma fantasia em um mundo onde as bicicletas são o sentido da vida, tudo gira em torno delas, seja as construções, o dia-a-dia dos habitantes e tudo mais quanto existe. Neste ambiente o jogador deve reconstruir uma bicicleta lendária e solucionar o problema cósmico presente no mundo.


A proposta da obra é ser um cozy game de ciclismo, mas sem abrir mão de um certo nível de competitividade. O motor da progressão é o elemento de reputação, conquistado a partir das diferentes corridas vencidas pelo jogador. É através deste elemento que a competitividade acontece, afinal ganhar dos outros ciclistas é objetivo primário de uma corrida, além disso há um aspecto desafiador com os diferentes desafios presente em cada corrida, como o tempo de conclusão ou a obtenção das letras para formar o nome da protagonista, KAY.


Mesmo com elementos que aguçam a competitividade, o jogo não abre mão de sua proposta cozy como pilar central. O sentimento de cozy é construído através de diversos elementos que trabalham em conjunto, seja a estética cartunesca colorida que passa a sensação de tranquilidade e desprendimento com a realidade ou mesmo a trilha sonora que a todo momento atenua os acontecimentos. Os desenvolvedores tinham compreensão que a competitividade exacerbada poderia prejudicar esta parte fundamental do jogo, logo, as corridas são controladas a um nível para serem relativamente fáceis, assim o jogador nunca é retirado deste ambiente relaxante que está inserido.


Wheel World in-game

O sentimento de progressão é construído através do acúmulo de reputação aliado ao sentimento complecionista proporcionado pelos desafios da corrida e pela acumulação de partes da bike. A progressão mais divertida certamente é a coleção de partes da bike, estas sendo diversas e possuindo diversas temáticas satíricas diferentes. A melhor bicicleta produzida obviamente é obtida através da recuperação das partes lendárias de Skully, porém a obra propõe uma coleção divertida para que o jogador obtenha bicicletas únicas, como a bike cachorro-quente ou mesmo a bike tronco de madeira. Este elemento adiciona diversidade e impulsiona o jogador a colecionar as diferentes bikes mesmo tendo certeza que a melhor bike sempre será obtida através da missão principal.


O mundo aberto apresenta um charme único a este universo relaxante, afinal, este mundo só consegue ser cozy na medida que o jogador o experimenta e observas as mais diversas paisagens relaxantes. A obra possuir um mundo aberto é importante na medida que seria impossível passar o sentimento de relaxamento somente com corridas competitivas e fechadas em um circuito. Logo, haver um mundo aberto se faz necessário, e um jogo de corrida com um mundo aberto apresenta, quase obrigatoriamente, as as regras de seus percursos, já que os trajetos são espaços isolados dentro do espaço maior do mundo aberto que foi proposto. O lado positivo desta abordagem é que o material para fazer dezenas de corridas já está disponível, o lado complicado é que este material precisa ser muito bem produzido, logo um trabalho de level design excepcional é necessário, felizmente o estúdio não peca neste quesito, apresentando um nível de qualidade fenomenal em seu mundo aberto.


A leveza do jogo junto a sua facilidade também estão ligadas as mecânicas, como é o caso do boost que o jogador possui por conta de Skully. Somente o jogador possui este boost, nenhum outro competidor em qualquer outra corrida possui este artifício, logo este elemento facilitador já altera completamente a dinâmica de competitividade. O único momento que esta leveza é quebrada é no último ato, quando o jogador pode acessar o Esgoto Espiritual. Este novo ambiente é bem destoante do resto da obra e apesar de curto possui certo impacto na dinâmica geral da obra, principalmente ao apresentar corridas mais diferenciadas e dinâmicas. O ambiente final propõe o encerramento da história com um vilão que é relacionado a ideia de um capitalismo malvado, explorador e destruidor do meio ambiente, porém a crítica não possui o peso necessário. Isso se deve a característica cozy da obra, a leveza estética diminui drasticamente o peso da crítica, tornando o vilão mais uma caricatura de um antagonista do que um agente do capitalismo selvagem, como era pretendido ser a crítica.


Outro crítica ao jogo se refere a mecânica das marchas. Há muito poucos câmbios com mais de uma marcha, fazendo a mecânica de troca de marchas algo extremamente raro, afinal os melhores câmbios possuem somente um marcha. Recompensar o jogador que deseja se desafiar utilizando diversas marchas deveria ser possível, afinal é uma mecânica que adiciona uma nova camada de complexidade, infelizmente isto não ocorre tornando monótono as corridas, principalmente para aqueles que desejam conquistar todas elas.


Concluindo, Wheel World é uma boa obra no que ela se propõe. A ideia e proposta são boas e muito bem executadas, talvez a última parte tenha destoado demais do apresentado até então, principalmente pela tentativa falha de uma crítica que não cabia para este tipo de jogo. O foco no cozy não abre mão de um certo grau de competitividade que é controlado o suficiente para não ferir o sentimento de relaxamento pretendido. A melhor palavra para descrever o jogo é equilíbrio, tudo está como deveria estar, apenas alguns erros foram cometidos, mas ele não conseguem retirar o brilho de uma obra agradável que é Wheel World.

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