Rematch possui potencial mas ainda não está pronto
- Luunyn
- Aug 6
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Rematch é o terceiro jogo da Sloclap, desenvolvedora de jogos francesa, responsável por Absolver e Sifu, dois jogos focados em lutas. O novo título propõe algo completamente diferente do que a empresa está acostumada a produzir, um jogo de futebol. O futebol de Rematch tenta ser inovador, apresentando uma visão 3D com uma movimentação diferente dos habituais jogos do gênero. A sensação passada é uma vontade de produzir um Rocket League de futebol real.
A proposta da obra é um jogo de futebol ainda mais arcade e com foco no controle de um único personagem, dessa forma criou-se naturalmente novos modelos de estratégia e interação com a bola. Este foco no personagem dita o rumo da obra, a tempo que exige a necessidade do trabalho em equipe, afinal, não é possível observar todo o campo ou controlar outros jogadores. A movimentação neste momento se torna complexa, possibilitando diversos movimentos direcionais e dribles de forma específica, ou seja, com um botão associado a cada um deles. Dominar o personagem e entender o trabalho em equipe são essenciais para atingir a vitória.
No que diz respeito ao jogo ser mais arcade e possuir diferentes estratégias, o grande diferencial é o campo reduzido que é contornado por um campo de força. Este elemento torna a dinâmica do jogo diferente do comum jogo de campo experenciado em FIFA e afins. Esta abordagem proporciona uma nova gama de jogadas, como a tabela na parede para o outro jogador chutar dentro da área ou sair de uma região conturbada do campo chutando na parede lateral. Além disso, o campo de força complica alguns movimentos e disputas de bola, sendo complicado tirar a bola da linha lateral/linha de fundo, geralmente causando um imbróglio com vários jogadores no mesmo lugar.
A câmera 3D onde somente o jogador é visível torna a dinâmica de ver os oponentes bem mais complexa, o que se aproxima de jogo real de futebol. Para auxiliar esta dinâmica há o minimapa que mostra a posição relativa da bola e jogadores, facilitando o processo de localização de adversário e aliados ao longo do campo. Aliado a câmera, há os controles de movimentação e dribles, estes possuem uma curva de aprendizado acentuada, sendo difícil romper as barreiras iniciais e atingir um nível mínimo onde o jogador consiga fazer a diferença. Esta proposta mecânica era esperada, já que se trata de um jogo competitivo, mas ela apresenta problemas por diversos problemas de controle, sendo o mais básico a impossibilidade de mapear os controles, que fora adicionado somente recentemente.

A proposta da Sloclap é interessante na teoria mas para funcionar de forma efetiva era necessário lidar com outros parâmetros que foram deixados de lado. A maior parte dos parâmetros que foram ignorados estão relacionados a própria dinâmica de um jogo multiplayer. Trabalhar em equipe por boa vontade é complicado, os jogadores tendem a ser individualistas, ainda mais em jogos onde há somente uma pessoa “tomando as decisões”, que no caso do futebol é aquele que possui a bola. Esportes coletivos na forma digital precisam punir as ações egoístas individualista ao tempo que precisam recompensar as ações coletivas. Rematch realiza essa estratégia, porém de forma branda, logo, de forma ineficiente. O jogo não pune de forma devida os “engraçadinhos” que jogam de forma despretensiosa sem respeitar os companheiros, como os famosos goleiros que saem jogando e tentam dar um chapéu nos atacantes, em seguida perdem a bola e tomam um gol fácil.
Atitudes como as descritas anteriormente são comuns, entre elas há jogadores que insistem em não realizar passes e tentam resolver tudo na individualidade. O jogo até pune essas atitudes, pois realizar dribles e manter a bola no pé não gera pontuação, somente fazer passes, interceptar, defender, assistências e gols que fornecem pontuação. O problema é que a maioria dos jogadores não se importam com uma pontuação baixa, já que a única punição é não conseguirem ser o MVP de uma partida. Jogadores, como estes citados anteriormente estragam a experiência de seus companheiros, o que torna gera um descontentamento grande da player base que reclama da falta de medidas para puni-los. O mínimo que deveria existir, é um sistema de vote/ban para este tipo de jogador, assim sua atitude recorrente seria punida com a impossibilidade de jogar.
Outros problemas envolvem diretamente as partidas e ranqueamento. O matchmaking do jogo é completamente quebrado, o sistema pareia jogadores com claras discrepâncias de conhecimento de jogo e nível habilidade, sendo quase impossível haver uma partida equilibrada com 10 jogadores com níveis semelhantes. Isto é agravado nas partidas ranqueadas, tornando a escalada de ranques extremamente penosa. Se não fosse bastante o problema com o pareamento, as ranqueadas ainda sofrem com um sistema de pontuação inexplicável, com a perda e ganho de pontos completamente desbalanceados. A quantidade de pontos ganhados e perdidos são muito parecidas, por vezes iguais, tornando extremamente árduo subir os ranques, mesmo em ranques baixos, como ouro e platina. Em Rematch é impossível realizar o modelo de 54 ou 55% de win rate ser o suficiente para atingir ranques mais altos, com esta porcentagem o jogador não consegue subir de ranque nem mesmo com uma grande quantidade de partidas. Este sistema de pontuação, somado ao pareamento desbalanceado, cria uma desmotivação grande no que se refere a jogar partir ranqueadas e tentar subir de ranque.
Concluindo, Rematch possui uma proposta interessante com uma execução pífia. Fica claro para qualquer jogador com algumas horas de jogo que o jogo definitivamente não estava pronto para ser lançado. Era necessário diversas melhorias básicas para que uma experiência ideal fosse entregue. Entre os pontos básicos, era obrigatório a existência de cross plataform entre o game pass e a steam, a inexistência disso já mostra a distância que o jogo estava de realmente estar pronto. Rematch poderia ser bom, mas o lançamento conturbado e incompleto tornou a experiência péssima para diversos jogadores, reconquistar estes jogadores será a tarefa mais árdua da Sloclap, mais difícil do que reerguer Sifu.
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